Você acredita em acaso, ou crê que já está tudo escrito e determinado? Pode-se acreditar nos dois ao mesmo tempo? A poesia não tem respostas, mas acredito sinceramente que a poesia salva.
O poema a seguir, chamado justamente de Acaso, está no meu livro Poesia inquieta para dias intranquilos, publicado em março de 2021. Mas antes do poema em si, vamos à abertura do livro, feito durante os dias intranquilos da pandemia, em que falo que a poesia salva:
“A poesia salva. A poesia alivia. A poesia te inquieta. A poesia te convida a se incluir, ou a fugir; a partilhar, ou submergir no silêncio meditativo. A poesia pensa e faz pensar. A poesia diverte e diverge. A poesia te dá carinho, mas também pode te arrastar pelos cabelos e jogar contra a realidade. A poesia é linda, mas também trata de coisas feias. A poesia é tranquila e inquieta ao mesmo tempo. E os tempos são intranquilos, ainda mais quando não há poesia.”
Agora que você já sabe um pouquinho sobre o que eu acho da poesia, aqui segue o Acaso:
Acaso.E se num passoo acaso te atropelassee um amor acabassepara que outro começasse?.E se o acaso te abraçassee te dissesse“Não desapareça”e você respondesse“Me esqueça!”.E se o acaso te socasse a facee te obrigasse a encarar o realE o real fosse tão insuportavelmente brutalque te deixasse sem o essencial?.E se o acaso já fosse esperadoe o que trouxessefosse menos do que a sobrada surpresa de ontem?.E se o acaso te cortejasse,te beijasse e convencesseque aqui, bem perto de você,foram encontrados, não minto,por arqueólogos do carinho,vestígios claros de felicidadede um amor considerado extinto?”
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Agradeço a leitura e a colaboração.